domingo, 27 de novembro de 2016

O outro dia

E, assim que a calma se perdeu por entre as folhas secas da rua,
eu apenas parei e me vi refletido na poça de água transparente
que, ilhada entre o lixo do mundo, trazia em si um silêncio e um desbotar na alma.
Coloquei os ombros para cima, os olhos traziam aquela tristeza e desconfiança de quando é quase
meia noite e no dia seguinte vai se acordar cedo e com medo e ainda bêbado de sonhos e vinho.
Encarei por alguns segundos e senti a brisa fria de um abismo descascado no muro de uma frase
errada e tardia.
Assim mesmo preferi me sentar no meio fio e aos poucos me despedir de mim.
A Lua por enquanto era uma cúmplice calada.
Não houve dia seguinte. Nunca mais.

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